Humberto Costa atribui a Bolsonaro e Eduardo responsabilidade por taxação de Trump

Senador vê como grave ameaça a taxação de produtos brasileiros, diz que medida é política e acusa extrema direita de atentar contra a soberania

Publicado em 10/07/2025 às 11:59
Google News

O senador pernambucano Humberto Costa (PT) afirmou que a possível taxação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, anunciada por Donald Trump na última quarta-feira (9), tem motivação política e que os responsáveis são o ex-presidente Jair Bolsonaro e o filho dele, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que vive no país.

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o senador disse ver com grande preocupação a possível imposição de tarifas.

Além do impacto econômico, Humberto Costa considera que o problema mais grave da medida é de ordem política. Segundo ele, Trump está tentando pressionar o Brasil em função de investigações judiciais que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.

.

“É uma tentativa de usurpar a nossa soberania, atacar a nossa Constituição e responsabilizar o Brasil por algo que é um problema da justiça brasileira”, criticou.

O senador demonstrou indignação com a atuação de brasileiros que estariam pedindo sanções ao país, classificando a atitude como antipatriótica.

“O absurdo maior é que existam brasileiros pedindo aos Estados Unidos que sancione o nosso país para salvar a pele de verdadeiros criminosos que estão receosos de terem que ir para a prisão”, disse.

Ataque à economia brasileira

Para Humberto, a medida de Trump não se sustenta economicamente, já que o Brasil é um dos países de relevo econômico que não tem superávit comercial com os Estados Unidos. "O comércio do Brasil com os Estados Unidos é muito mais favorável aos Estados Unidos e há muito tempo”, afirmou.

Costa destacou que o impacto seria significativo tanto para a economia brasileira quanto para a americana, uma vez que há relações comerciais intensas entre os dois países em setores como agronegócio, siderurgia, aviação e tecnologia.

O senador apontou que a adoção de tarifas pode provocar uma resposta semelhante do Brasil: “Se Trump mantiver essa decisão, ele vai também sobretaxar produtos americanos, né? Então é ruim para os dois, vai gerar inflação nos dois países”.

Interlocução e caminho da negociação

Sobre quem poderia liderar a interlocução com os americanos, Humberto Costa citou os nomes do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos, segundo ele, têm “altíssima credibilidade, inclusive do ponto de vista internacional”.

Costa reforçou que a postura do governo Lula será a de buscar o diálogo antes de adotar qualquer medida de retaliação: “O Brasil com certeza vai tentar fazer com que os americanos mudem a sua opinião, não implementem essas medidas. Vai buscar isso pela negociação”.

BRICS preocupa Trump, mas Brasil deve manter alianças

Questionado sobre se o posicionamento do Brasil no BRICS teria acelerado a reação dos EUA, o senador reconheceu que a articulação do bloco preocupa o governo americano, sobretudo por conta da influência econômica crescente e das iniciativas para reduzir a dependência do dólar.

Ainda assim, defendeu que o país mantenha sua autonomia: “É o direito de qualquer país se associar com quem quiser. Nós não podemos ficar subordinados aos interesses dos Estados Unidos em vez de estarmos defendendo os nossos interesses”.

Segundo ele, o Brasil tem mantido um bom relacionamento com os EUA no governo Lula, e não há conflitos geopolíticos entre as nações. O problema, reiterou, é a interferência de Trump em assuntos internos do Brasil, especialmente no funcionamento do Judiciário.

“Imagine se algum país quisesse interferir na decisão da Suprema Corte americana. Os Estados Unidos iriam admitir isso?”, questionou.

.

Ao comentar a ausência de embaixador americano no Brasil durante o governo Trump, o senador afirmou que a responsabilidade é dos EUA, não do Brasil. Ele voltou a criticar os setores da extrema direita que, em sua visão, estão contribuindo para o tensionamento da relação bilateral.

“É extremamente grave, é um crime de lesa-pátria, um deputado federal que se muda do seu país para outro para demandar sanções contra o seu próprio país”, afirmou.

Costa finalizou defendendo que o Brasil mantenha sua política externa multilateral. Além do BRICS, ressaltou a importância do Mercosul e do acordo de livre comércio com a União Europeia. “Nós nos relacionamos com todo mundo e não podemos imaginar que o Brasil vá abrir mão de fazer isso”, disse.


#im #ll #ss #jornaldocommercio" />

Tags

Autor