Diante de tarifas de Trump, Mendonça Filho prega união para defender interesses do Brasil

Opositor ferrenho do governo Lula, deputado vê tarifas de Trump como "inaceitáveis" e pede união nacional para enfrentar crise nas relações com os EUA

Publicado em 10/07/2025 às 10:35 | Atualizado em 10/07/2025 às 11:01
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O deputado federal Mendonça Filho (União Brasil) classificou como "estarrecedora" a proposta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos brasileiros exportados ao país. Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quarta-feira (10), o parlamentar alertou para as consequências econômicas da medida caso ela entre em vigor.

Para ele, a adoção da tarifa seria "uma coisa caótica, com repercussões graves na nossa economia". "Empresas, empregos estarão todos afetados diretamente. Vai ser muito negativo para o Brasil como um todo".

Mendonça também rejeitou as justificativas apresentadas por Trump: “Eu considero absolutamente desproporcionais e injustas, incorretas e absolutamente inaceitáveis as tarifas que foram anunciadas pelo presidente Trump com relação ao Brasil”.

Embora seja historicamente opositor do governo Lula, o deputado destacou que os argumentos usados pelo ex-presidente norte-americano "não têm uma conexão com aquilo que a gente possa aceitar".

E reforçou: "O Brasil é um país independente, soberano, tem suas instituições e deve endereçar a solução dos seus problemas com a sua estrutura interna de políticos, de estrutura do Judiciário e não com interferência externa”.

Postura de confronto com os EUA

Apesar de não justificar a decisão dos Estados Unidos, Mendonça Filho responsabilizou o governo brasileiro por não se antecipar ao risco diplomático.

“O governo do presidente Lula deveria ter se preparado. Eu tenho acompanhado as declarações de vários analistas, inclusive diplomatas aposentados do Itamaraty, que é uma instituição muito qualificada, reconhecida internacionalmente, e o Brasil não se preparou para uma situação como essa, diferentemente de outros países do mundo", declarou.

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Na entrevista, Mendonça Filho acusou o presidente Lula de ter adotado uma linha diplomática de confronto com os Estados Unidos. “O presidente Lula adotou uma postura sempre de hostilidade, de confronto, de ameaças ao governo norte-americano”, disse. Como exemplo, citou “quando liderou o debate sobre a substituição do dólar como reserva monetária global”.

Além disso, mencionou a aproximação do governo brasileiro com países e grupos que considera incompatíveis com os valores do Ocidente. Segundo ele, Lula “respaldou posições de antagonismo com relação a essa cultura ocidental”, ao demonstrar “proximidade e suporte ao Irã em detrimento de Israel, que é a única democracia do Oriente Médio”, além de “apoio a várias ditaduras no mundo, como a Venezuela e Cuba”.

“Hora de sentar à mesa e negociar”

Apesar do cenário de tensão, Mendonça defendeu o caminho do diálogo. “Agora resta nos sentar para negociar e, evidentemente, defender os interesses do Brasil”, afirmou.

Para ele, a situação deve ser encarada como um ponto de união nacional: “Acho que tem que unir todos os brasileiros e buscar, evidentemente, que a temperatura baixe e a gente possa superar esse momento de atrito e de grave dificuldade.”

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