Consciência Negra

POEMA SOBRE A CONSCIÊNCIA NEGRA: Veja 5 poemas para refletir sobre a consciência negra

Poemas para refletir sobre a Consciência Negra

Cadastrado por

Suzyanne Freitas

Publicado em 20/11/2023 às 3:00
Marche no Centro do Recife em homenagem ao Dia da Consciência Negra e contra o Governo Bolsonaro. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, possui significado profundo para a população brasileira.

Isso se deve ao período de quase 400 anos de escravidão que o país enfrentou, marcado pela humilhação e escravização de indivíduos negros.

O legado desse passado doloroso manifesta-se em formas estruturais de racismo, resultando no contínuo empobrecimento e opressão da comunidade negra.

A criação desta data tem o propósito de promover reflexões sobre a história do povo negro no Brasil, destacando sua importância e buscando a valorização necessária.

Abaixo, veja 5 poemas que proporcionam reflexões significativas sobre a negritude

POEMA SOBRE A CONSCIÊNCIA NEGRA: Veja 5 poemas para refletir sobre a consciência negra

1. Negro forro, de Adão Ventura

Minha carta de alforria
não me deu fazendas,
nem dinheiro no banco,
nem bigodes retorcidos.

Minha carta de alforria
costurou meus passos
aos corredores da noite
de minha pele

2. Sou Negro, de Solano Trindade

Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gongôs e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu
Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação

3. Encontrei minhas origens, de Oliveira Silveira

Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
livros
encontrei
em malditos objetos
troncos e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
cantos
em furiosos tambores
ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei

4. Integridade, de Geni Mariano Guimarães

Ser negra,
Na integridade
Calma e morna dos dias.
Ser negra,
De carapinhas,
De dorso brilhante,
De pés soltos nos caminhos.

Ser negra,
De negras mãos,
De negras mamas,
De negra alma.

Ser negra,
Nos traços,
Nos passos,
Na sensibilidade negra.

Ser negra,
Do verso e reverso,
Do choro e riso,
De verdades e mentiras,
Como todos os seres que habitam a terra.

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