"Sem dúvida é um bom sinal", diz cientista político sobre exceções na taxação dos EUA

Para o especialista, depois do alívio parcial gerado pela decisão dos Estados Unidos, o desafio agora passa a ser diplomático

Publicado em 04/08/2025 às 13:23 | Atualizado em 04/08/2025 às 15:19
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A exclusão de 694 itens da lista de produtos sujeitos à nova tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump pode ser um indicativo positivo para o Brasil.

A avaliação é do cientista político Rodrigo Lira, em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal. “Olha, eu acho que sem dúvida é um bom sinal. Se a gente pegar a porcentagem desses produtos, eles representam basicamente 40% das nossas exportações. Então, há uma sensação de alívio, ainda que café e calçados continuem taxados...”, afirmou o especialista.

Lira também destacou que os setores ainda incluídos na taxação, como o do café, podem ter margem para futuras negociações.

Ele ressalta, no entanto, que não está claro se a decisão de Trump teve influência direta da articulação brasileira.

Modelo atual de negociação é "personalista e bilateral"

Ao comentar a condução do governo brasileiro diante do anúncio das tarifas, Rodrigo Lira avaliou que houve demora em acionar canais de diálogo com os Estados Unidos. “Olha, eu venho defendendo que o governo federal demorou a procurar novos canais de diálogo.”

Para ele, as negociações internacionais hoje se dão em moldes distintos do passado, com foco em abordagens bilaterais e personalistas, sobretudo no contexto da presidência de Donald Trump.

“O mundo, como a gente conhecia, de negociações internacionais, ele mudou. (...) O mundo de hoje é o mundo do Trump, em que as negociações são bilaterais e extremamente personalistas.”

Segundo Lira, o Brasil iniciou conversas em um momento tardio e, agora, há uma expectativa em torno de uma possível interação direta entre Lula e Trump.

“E as últimas informações que eu recebi é de que estão cogitando que o Lula se encontre com o Trump às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas, que vai ser agora, esse mês que vem, em setembro.”

Declarações sobre desdolarização não contribuem

Ao ser questionado sobre a fala do presidente Lula durante a convenção do Partido dos Trabalhadores, quando o chefe do Executivo afirmou que o Brasil seguirá buscando uma moeda alternativa ao dólar no comércio com países parceiros, Rodrigo Lira comentou que o posicionamento político pode ter efeitos negativos em um momento de tensão comercial.

"Então, o que a gente pode pensar é o que isso traz de vantagem para o Brasil no momento desse?", avaliou.

Sobre o contato de Lula e Trump, Rodrigo Lira afirmou que “não necessariamente precisa ser uma ligação, mas eu acho que algum esforço do Lula em específico, de procurar o Trump é necessário, vis-à-vis do que os outros países que conseguiram renegociar suas tarifas fizeram".

Para o cientista político, depois do alívio parcial gerado pela decisão dos Estados Unidos em retirar parte dos itens da taxação, o desafio agora passa a ser evitar ruídos diplomáticos e reforçar o canal político de forma estratégica — antes que o ambiente volte a se deteriorar.

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