"Nós vamos caminhar para o precipício", diz economista Eduardo Giannetti sobre orçamento público
Em entrevista à Rádio Jornal, especialista explica que solução da crise fiscal brasileira exige medidas estruturais profundas

O filósofo, economista e membro da Academia Brasileira de Letras Eduardo Giannetti afirmou, em entrevista à Rádio Jornal nesta sexta-feira (13), que o Brasil não está à beira de uma emergência fiscal, mas que o rumo atual das finanças públicas, se mantido por muito tempo, pode levar o país a uma situação crítica.
“Se continuar na toada que está, a dívida pública continuará crescendo e aí sim nós vamos caminhar para o precipício”, disse o economista.
A declaração foi feita no Recife, onde Giannetti participa do lançamento de seu novo livro, Imortalidades, no Hotel Recife Marina.
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“Não espere nada muito profundo até o final desse mandato”
Giannetti avaliou que a resolução da crise fiscal brasileira exige medidas profundas, mas que estas não devem ser esperadas do atual governo.
“Realisticamente, não dá para esperar que esse governo, em final de mandato, vá tomar as medidas estruturantes e realmente profundas que a situação fiscal brasileira exige”, afirmou.
Ele mencionou que o cumprimento do arcabouço fiscal deve ser o objetivo principal neste momento, ainda que seja com dificuldades. Segundo ele, isso deve ser feito “preferencialmente com menos aumento de arrecadação e mais corte de gastos”.
Para que uma reestruturação real ocorra, o economista acredita que será necessário aproveitar o início do próximo mandato presidencial. Nesse contexto, ele defende que as medidas mais efetivas incluem:
- Desindexação de benefícios previdenciários ao salário mínimo;
- Redução de vinculações obrigatórias no orçamento;
- Revisão de gastos tributários e subsídios;
- Reformulação da previdência social.
Apesar de o Brasil arrecadar cerca de 34% do PIB em impostos anualmente, o economista apontou a baixa efetividade do gasto público.
“Já passou um quarto do século XXI e quase a metade dos domicílios brasileiros não tem saneamento básico”, criticou. Para ele, isso evidencia que as prioridades internas ao orçamento precisam ser urgentemente revistas.
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