Indústria brasileira deve sofrer com avanço das importações da China, diz presidente da Fecomércio-PE
Em meio ao conflito comercial com os EUA, exportações chinesas para o Brasil já somam 19 bilhões de dólares no primeiro trimestre de 2025

Em entrevista ao programa Passando a Limpo desta quarta-feira (16), na Rádio Jornal, o presidente da Fecomércio de Pernambuco, Bernardo Peixoto, discutiu os impactos das crescentes importações chinesas no Brasil, em meio à guerra comercial entre China e Estados Unidos.
O conflito, que se intensificou desde o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA em 2025, tem alterado as dinâmicas comerciais globais, e o Brasil, como mercado consumidor crescente, está sendo diretamente afetado.
No primeiro trimestre de 2025, as exportações chinesas já somaram 19 bilhões de dólares, o que representa um crescimento de quase 35% em relação ao mesmo período de 2024.
Para o presidente da Fecomércio, esse aumento é preocupante, especialmente para a indústria nacional. Ele afirmou que, embora o comércio brasileiro não seja tão afetado, as indústrias do país estão sendo impactadas pela competição desleal, o que deve reduzir o superávit comercial.
"É muito ruim para a indústria e para o país, porque a gente tem um superávit muito bom com os chineses, porque nós exportamos muito minério, soja, milho, para a China, e isso [o aumento das importações] prejudica toda a produtividade das indústrias brasileiras”, explicou.
O crescimento acelerado das importações do gigante asiático, segundo o dirigente, pode prejudicar a produtividade das indústrias brasileiras, principalmente nos setores de confecções e outros segmentos industriais.
Peixoto ressaltou que, enquanto o comércio pode se beneficiar de preços mais baixos proporcionados pelos produtos chineses, a longo prazo, a competitividade das indústrias locais será severamente comprometida. "Para o comércio, quanto mais barato, mais a gente vende, mas em termos de Brasil, isso não é muito bom", afirmou.
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China de olho em Pernambuco
Em relação ao impacto no mercado pernambucano, Peixoto mencionou que o estado está se tornando um centro de distribuição das importações chinesas para o Nordeste. Embora ainda sem dados oficiais, ele afirmou que há informações de que a China está utilizando Pernambuco, devido à sua localização estratégica e infraestrutura, como ponto de distribuição para o restante da região.
“Pernambuco e Recife estão no centro do Nordeste, em um raio de 800 quilômetros a gente tem oito capitais nordestinas aqui. Então, Pernambuco vai ser um centro de distribuição”, declarou.
No entanto, o presidente da Fecomércio alertou para as consequências desse movimento para os pequenos e médios empresários locais, especialmente devido ao ICMS mais baixo em Pernambuco, de 17%, frente aos 20% dos estados vizinhos.
“Os grandes empresários hoje se defendem de alguma maneira. É tanto que aqui, como centro de distribuição, sendo o ICMS de importação de 17%, é mais vantagem para as empresas comprarem através de Pernambuco. Mas para o comércio é muito ruim”, afirmou Peixoto.
Confira a entrevista completa no Passando a Limpo: