O Furacão Catarina foi o primeiro e, até o momento, o único do tipo a ser registrado no Atlântico Sul. O fenômeno se formou a 1.000 km da costa como um ciclone extratropical, mas aumentou de intensidade, se tornando um furacão, ao atingir limite superior à categoria 1, com ventos superiores a 150 km/h.
O saldo da destruição
O Furacão tocou o solo do Sul do Brasil na madrugada da sexta-feira, dia 27, para o sábado, dia 28 de março de 2004, deixando um rastro de destruição em cidades do sul de Santa Catarina e no litoral norte do Rio Grande do Sul.
Os ventos superaram os 180 km/h em Arroio do Silva, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Proteção e Defesa Civil de Santa Catarina (SDC). Pelo menos 14 cidades decretaram estado de calamidade, e sete decretaram situação de emergência.
A passagem do sistema deixou um saldo de 11 mortos e mais de 26,4 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, segundo dados da Defesa Civil de Santa Catarina.
Dados oficiais apontam que pelo menos 1.500 residências foram destruídas pelos ventos fortes que atingiram a região ao longo da passagem do Catarina.
Em números, os prejuízos causados pela passagem do furacão foram estimados em R$ 211,4 milhões.
Imagens de satélite da aproximação do furacão na costa de Santa Catarina - Arquivo / Defesa Civil SC
Cronologia do Catarina
27/03/2004, 17h45 - O Furacão Catarina chegou ao balneário Arroio do Silva (SC)
19h50 - A chuva começou a ser registrada em algumas cidades
22h - As pancadas de chuva e o vento oriundos do furacão se intensificaram
22h30 - O mar ficou mais agitado com ondas maiores que começaram a atingir o calçadão e casas próximas à orla
28/03/2004, 1h15 - Já durante a madrugada, o olho do furacão passou pelo continente, trazendo uma trégua na chuva e no vento. Durante este período, populares relataram um aumento da temperatura, que desencadeou moleza no corpo e sensação de mal-estar.
2h48 - Os ventos voltaram a se intensificar e as rajadas variavam dos 180 a 200 km/h. Esta foi considerada a parte mais crítica da passagem do Furacão Catarina.
3h15 - Na metade da madrugada, os ventos começaram a perder força, chegando a 150 km/h.
4h30 - Os ventos chegaram a 100 km/h.
5h30 - A velocidade dos ventos chegou ao menor nível.
A calmaria na passagem do olho do furacão
O chamado olho do furacão é considerado uma espécie de oásis, isso porque o fluxo dos ventos faz com que as nuvens se dispersem, trazendo uma calmaria na passagem da tempestade.
Apesar disso, os meteorologistas alertam que, por trazer essa sensação de segurança, este período também é perigoso, porque pode durar apenas alguns minutos ou algumas horas.
Quando está no oceano, o cenário é diferente. No raio ocupado pelo olho do furacão, as ondas - vindas de todas as direções -, convergem para o centro, criando os chamados vagalhões, que são grandes ondas imprevisíveis e com aparecimento súbito.
O batismo do furacão Catarina
Na América Central e na América do Norte, o fenômeno furacão é algo frequente, por isso, os norte-americanos seguem uma sequência e escala com regras para "batizar" as tempestades.
Essas regras, na época, não valiam no Brasil. Por isso, dar nome ao fenômeno que atingiria o sul catarinense em março de 2004 ficou a cargo da equipe de meteorologia da Epagri/Ciram.
A lista de possíveis nomes foi variada. Mas como a trajetória do furacão seguiria o litoral de Santa Catarina, a equipe limitou as possibilidades a duas: Anita ou Catarina. Este último foi o escolhido.