Nordeste: 60% da população admite pouco conhecimento em finanças pessoais, apesar do alto interesse em planejamento, revela pesquisa
O cenário revela um déficit que se soma a desafios econômicos e culturais, agravando o cenário de endividamento e impactando a saúde emocional

Uma pesquisa recente do Observatório Febraban, realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), joga luz sobre a complexa relação dos nordestinos com suas finanças pessoais. O levantamento, que ouviu 3.000 pessoas em todo o país entre 12 e 26 de junho de 2025, revela um cenário de grande interesse, mas pouca capacitação prática no Nordeste.
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O cenário da educação financeira: entre o interesse e a lacuna de conhecimento
A 17ª edição da pesquisa semestral do Observatório Febraban aponta que, embora 90% dos entrevistados no Nordeste afirmem que a educação financeira é muito importante e 73% acreditem que o planejamento financeiro é fundamental para realizar sonhos e projetos de vida, uma grande maioria – 60% da população da região – admite ter pouco ou nenhum conhecimento sobre finanças pessoais.
Essa lacuna de conhecimento prático é um dos pilares dos desafios da inclusão financeira na região, que, segundo a diretora executiva do IPESPE, Marcela Montenegro, estão interligados a fatores econômicos, sociais e culturais.
Do ponto de vista cultural e social, a falta de aquisição ao longo da vida de conhecimentos, ferramentas e habilidades básicas para utilizar conceitos de educação financeira no dia a dia e no gerenciamento de crises é um fator preponderante. A isso se somam os desafios econômicos inerentes ao Nordeste, que ainda detém a menor renda per capita do país e onde 40% da população vive abaixo da linha da pobreza.
Endividamento e seu impacto: uma realidade que afeta a saúde emocional
O cenário de vulnerabilidade é agravado pelo alto índice de endividamento: quatro em cada 10 nordestinos estão endividados. Para a maioria deles, as consequências vão além da esfera financeira: 78% dos endividados relatam que as dívidas comprometem sua saúde emocional e qualidade de vida. A esperança de quitação varia, com 43% vislumbrando quitar os débitos até o fim do ano, mas uma parcela significativa de 29% só projeta essa resolução para 2026.
Marcela Montenegro, diretora executiva do IPESPE, ressalta que esse descontrole financeiro afeta a capacidade de reorganização e causa uma sobrecarga emocional, criando um ciclo difícil de reverter. O descontrole e a desorganização com os gastos muitas vezes levam ao recurso ao crédito para cobrir despesas e emergências, o que, em um cenário de instabilidade, aumenta as chances de inadimplência.
As dívidas se acumulam, o impacto emocional se agrava, e as pessoas perdem qualidade de vida, o que afeta diretamente sua saúde mental e emocional, bem como sua capacidade de reorganizar as finanças.
O cartão de crédito: aliado ou armadilha no ciclo do endividamento?
A pesquisa também aponta que o cartão de crédito é a principal ferramenta de acesso ao crédito entre os entrevistados, utilizado por 64% dos que recorrem a alguma forma de empréstimo. Marcela Montenegro esclarece que o uso do cartão, por si só, não é um sinal de má educação financeira.
O problema surge e se torna um risco real de perder o controle das despesas e aumentar o endividamento quando o limite do cartão é interpretado como dinheiro disponível para gastar ou como um complemento de renda. Essa percepção equivocada pode ser um gatilho para o ciclo de descontrole financeiro que tem profundas implicações para a vida dos nordestinos.
*Texto gerado com auxílio da IA a partir de uma fonte autoral da Rádio Jornal