Estados se mobilizam contra sanção de 50% imposta pelos Estados Unidos
São Paulo e Goiás anunciam medidas de apoio a exportadores, enquanto economista alerta para a necessidade uma "agenda única" diante da indefinição

A indefinição sobre os acordos para reverter a tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump aos produtos brasileiros, e a países que os EUA consideram “não ter um bom relacionamento”, tem levado governadores a se movimentarem rapidamente.
A sanção econômica entra em vigor a partir de 1º de agosto, gerando preocupação em diversos setores e a necessidade de estratégias para minimizar os impactos. A mais recente declaração de Trump aponta para uma tarifa mínima de 15% para alguns países, mas mantendo 50% para aqueles países com os quais os Estados Unidos "não estão se dando muito bem".
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Ações estaduais para mitigar impactos
• São Paulo: O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) saiu na frente, anunciando uma linha de crédito com juros subsidiados pelo governo estadual. Batizada de "Giro Exportador", a linha disponibilizará R$ 200 milhões com condições especiais, como taxas de juros baixas e prazo para pagamento em até 60 meses.
• Goiás: Nesta semana, o governador Ronaldo Caiado recebeu empresários de diferentes setores no Palácio das Esmeraldas. Entre as medidas anunciadas, estão a criação de três fundos para as empresas e a formação de um comitê para ouvir os empresários afetados pela medida.
• Paraná: O governador Ratinho Júnior também indicou que terá encontros com empresários para discutir ações de enfrentamento à tarifa.
Em Pernambuco, nenhuma ação prática foi anunciada até o momento, mas a governadora Raquel Lyra esteve reunida nesta semana as principais lideranças empresariais de Pernambuco para debater os impactos e traçar estratégias de reação à ameaça de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros feita pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Análise do especialista: o diálogo acima do grito
O economista Werson Kaval, destaca a importância de a governadora Raquel Lyra se alinhar com outros gestores em busca de uma "agenda única".
O especialista ainda reforça que que a atual "quebra de braço" entre Brasil e Estados Unidos não é a melhor solução. Para ele, é fundamental que haja diálogo entre os líderes dos dois países. "É um discurso que eu sempre falo, que na economia e na política não se ganha pelo grito. Então é o que a gente está vendo, precisa-se realmente sentar", afirma Kaval.
Ele alerta que a situação já está prejudicando os estados, citando como exemplo a fruticultura do Vale do São Francisco, que já tem 2.500 contêineres de fruta parados, representando um "prejuízo muito grande se não for tomada uma ação".
Werson Kaval também pondera sobre a efetividade das medidas estaduais de crédito. Embora bem-vindas, ele as considera paliativas: "créditos, como o que o Tarcísio falou, de 200 milhões, ele termina ajudando pouco, porque basicamente é em crédito para pagar em 60 meses ou mesmo com alguma isenção de algum tipo de imposto. Então são iniciativas que são bem-vindas, mas elas são paliativas e temporárias, ou seja, que não vão resolver o problema", explica o economista.
Ele reitera a necessidade de união entre os estados, especialmente para Pernambuco: "O que ela [Raquel Lura] precisa é realmente estar nessa agenda única. Todo mundo se ajudando".
A urgência da negociação federal
A situação exige uma solução rápida, e as negociações federais já estão em andamento. Uma comitiva de senadores, incluindo representantes da Bahia, Mato Grosso do Sul e Goiás, irá a Washington na próxima semana para negociar diretamente.
A expectativa é que, mesmo que a tarifa se inicie, uma solução seja encontrada rapidamente, até porque, segundo Kaval, "vai vir pressão até americana pelos produtos brasileiros, por mais que ele seja mais caro, porque nós temos produtos que pela vantagem corporativa, fazemos melhor e mais barato".