Assaltos a ônibus no Recife: rodoviários contestam dados da SDS e denunciam subnotificação

Enquanto a Secretaria de Defesa Social celebra queda de 36% em junho de 2025, o Sindicato dos Rodoviários denuncia subnotificação e realidade de medo

Publicado em 25/07/2025 às 10:46
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A segurança no transporte coletivo da Região Metropolitana do Recife continua sendo um ponto de controvérsia. Recentemente, a Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco anunciou uma queda de quase 36% nos assaltos a ônibus em junho de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, destacando o mês como o melhor dos últimos 32 meses.

De acordo com os dados da SDS, foram registrados 25 assaltos em junho de 2025, contra 39 em junho de 2024. A capital, Recife, também registrou recuo, e cidades como Igarassu e Paulista praticamente zeraram as ocorrências, atribuindo o sucesso à força-tarefa "Coletivos", que intensificou operações policiais nos principais corredores viários.

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Contudo, esta visão otimista não é compartilhada pelos rodoviários. O representante do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, Genildo Pereira, afirma que os dados internos da categoria revelam uma realidade bem diferente. Segundo o sindicato, junho de 2024 registrou 123 ocorrências e junho de 2025 contabilizou 129 assaltos a ônibus.

A principal razão para essa divergência alarmante nos números reside no critério de contagem. Para a SDS, somente é considerado assalto a ônibus quando a renda da empresa é levada. Quando o alvo da ação criminosa é o passageiro, o caso é contabilizado de forma diferente, exigindo que o usuário preste queixa em uma delegacia e procure o juizado especial do consumo, o geralmente não acontece.

Impacto além das estatísticas oficiais

A crítica do sindicato se estende à estrutura do poder público, considerada falha pela ausência de efetivo policial adequado, a necessidade de readequação das linhas de ônibus e a falta de segurança efetiva para passageiros e trabalhadores.

O impacto da violência no dia a dia dos rodoviários vai muito além das planilhas de estatísticas. "Não tem o que se comemorar não, porque os trabalhadores rodoviários hoje, motorista tá vivendo sob pressão", desabafa Genildo Pereira, revelando um episódio pessoal chocante: "Na semana passada, uma dessas ocorrências foi uma pessoa da minha família que levou uma coronhada no olho".

A situação é ainda mais complicada pela sobrecarga de funções: motoristas que também cobram passagens, dão troco e, por vezes, são obrigados a cometer infrações de trânsito. O Artigo 252, inciso 7º, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), proíbe dirigir enquanto se passa troco, classificando a ação como infração.

Resultados do combate à criminalidade

Apesar das divergências nos números e das denúncias do sindicato, a Secretaria de Defesa Social ressalta as ações de combate à criminalidade.

Somente nos seis primeiros meses de 2025, a Polícia Militar, dentro da Operação Transporte Seguro, realizou mais de 21.000 abordagens a veículos, revistou cerca de 277.000 pessoas e efetuou 641 prisões.

Além disso, foram apreendidas 80 armas brancas, cinco armas de fogo e entorpecentes. No âmbito da Polícia Civil, 181 procedimentos relacionados a roubos em coletivos foram instaurados, dos quais 169 viraram inquéritos, e 55 já foram encaminhados à justiça.

*Texto gerado com auxílio da IA a partir de uma fonte autoral da Rádio Jornal

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