Possível restrição ao diesel russo pode encarecer combustível no Norte e Nordeste, diz presidente da Abicom
Tema tem ganhado destaque após declarações de autoridades norte-americanas sobre possíveis sanções econômicas

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, afirmou que o Norte e o Nordeste do Brasil podem ser diretamente impactados por eventuais restrições às importações de diesel da Rússia. A declaração foi dada durante entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
Segundo ele, o cenário atual envolve uma pressão crescente por parte dos Estados Unidos para que o Brasil limite ou suspenda as compras do produto russo, em decorrência da guerra na Ucrânia.
O tema tem ganhado destaque após declarações de autoridades norte-americanas sobre possíveis sanções econômicas a países que continuam adquirindo produtos russos, incluindo o diesel. De acordo com o presidente da Abicon, o Brasil importa mensalmente entre 25% e 30% do diesel que consome, com a Rússia sendo atualmente a principal fornecedora.
Impactos diretos nas regiões Norte e Nordeste
Durante a entrevista, Sérgio Araújo explicou que os estados do Norte e Nordeste são os mais vulneráveis a oscilações no mercado internacional de combustíveis. Isso ocorre porque as refinarias localizadas nessas regiões não têm capacidade suficiente para atender à demanda local.
“A refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, opera com apenas 50% da sua capacidade instalada, e a refinaria de Mataripe, na Bahia, embora tenha porte significativo, não consegue suprir toda a demanda regional”, explicou.
Outras unidades menores, como as refinarias de Guamaré (RN) e Manaus (AM), também não são suficientes.
Segundo Araújo, a retirada da Rússia como fornecedora agravaria o desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado internacional. “Se você reduz a oferta e mantém a demanda, a tendência é de aumento de preço”, afirmou.
Pressão política e possível efeito cascata
Sérgio Araújo destacou que, por enquanto, não há medidas concretas em vigor. As declarações de autoridades norte-americanas apontam a possibilidade de taxação de produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, como retaliação às compras de diesel russo.
“Hoje, temos muito discurso e ameaças, mas não há impacto direto nas operações”, afirmou o presidente da Abicon. No entanto, ele alertou que, caso essas ameaças se confirmem, o Brasil pode responder com medidas de reciprocidade, o que elevaria ainda mais os custos de importação.
Confira a entrevista completa no Passando a Limpo