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Recife não atinge a meta de alfabetização em 2024
Carnaubeira da Penha e outras cidades do interior tiveram melhor desempenho que as médias estadual, do Recife e de municípios da RMR
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Pernambuco falhou em atingir a meta de alfabetização de crianças em 2024, conforme o Indicador Criança Alfabetizada. No ano passado, apenas 60,79% dos alunos do segundo ano do ensino fundamental aprenderam a ler e a escrever, ficando abaixo da meta estabelecida de 62,4%. O Ministério da Educação (MEC) projeta que, até 2030, 80% dos estudantes com até sete anos de idade sejam alfabetizados no ensino primário.
Apesar do cenário geral, algumas cidades se destacaram positivamente no estado. Carnaubeira da Penha alcançou a marca de 100% dos alunos com até sete anos alfabetizados, sendo seguida por Machados (96,75%), Cumaru (95,06%), Panelas (94,53%) e Solidão (93,99%).
Na Região Metropolitana, a situação da alfabetização infantil no Recife é motivo de grande preocupação. A capital não só não alcançou a meta, como piorou seu resultado em relação a 2023. O Recife atingiu apenas 54,36% e segundo especialistas, esse índice coloca o município atrás de cidades como Itapissuma (78,03%), Igarassu (66,97%) e Camaragibe (57,57%).
A comparação feita pelo ex-secretário de educação de Pernambuco e titular da cátedra, Sérgio Henrique Ferreira, Mozar Neves Ramos, é ainda mais contundente. Ele destaca que o resultado do Recife, com um PIB per capita de R$ 33 mil, é "quase igual ao de Manari", um município com PIB per capita de R$ 5 mil, que registrou 52% das crianças alfabetizadas. "Eu acho que o prefeito João Campos, juntamente com a equipe da educação, precisa olhar esses números," afirmou Mozart Neves.
Ele ressalta que, como esse percentual é uma média, "significa dizer que tem setores locais em Recife, em escolas, que estão abaixo do município de Manari". Para ele, o prefeito João Campos precisa "identificar os pontos em que existe a necessidade de mais atenção".
A avaliação de Mozart Neves Ramos se estende para toda a Região Metropolitana, que ele classifica como um "desastre" em relação à alfabetização. O ex-secretário aponta que prefeitos e prefeitas da região precisam ter "um olhar sensível para a área da educação".
O especialista cita exemplos de municípios com altíssimo PIB per capita que ainda apresentam patamares muito baixos de alfabetização: "A gente vai olhar Ipojuca que tem um PIB per capita de R$ 135 mil, quer dizer, é um PIB altíssimo e tá no um patamar muito baixo,".
Outras cidades mencionadas no alerta são Cabo de Santo Agostinho, Abreu e Lima, Camaragibe e Jaboatão dos Guararapes. A situação na região metropolitana, segundo Mozart Neves, "requer um olhar de preocupação em relação a essa questão da alfabetização".
A importância da alfabetização precoce é reiterada por Mozart Neves Ramos, que a descreve como o alicerce de todo o processo educacional. "A alfabetização é o pilar, é o processo, é o alicerce para todo o processo educacional," enfatiza.
Ele adverte sobre as consequências de não se alcançar esse marco fundamental: "Se a gente não alfabetizar a criança, pelo menos nessa base inicial, aos 7 anos de idade, a gente vai perder esse jogo".
A situação em Pernambuco, especialmente na capital e na Região Metropolitana, acende um alerta urgente para a necessidade de políticas públicas eficazes e focadas na educação básica, garantindo que o direito à alfabetização seja plenamente efetivado para todas as crianças.