Agricultura no Nordeste: pouca chuva e mais calor no próximo trimestre
Previsão do INMET indica que agricultores devem enfrentar chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas no interior da região

O Instituto Nacional de Metrologia (INMET) divulgou a previsão climática para o próximo trimestre, abrangendo o fim de julho e os meses de agosto e setembro, com um olhar detalhado para a agricultura e os níveis dos reservatórios na região Nordeste. O cenário aponta para contrastes significativos, demandando atenção dos produtores e gestores hídricos.
Chuvas abaixo da média em áreas estratégicas
De acordo com o INMET, volumes de chuva abaixo da média histórica são esperados para diversas regiões do Nordeste durante os meses de julho, agosto e setembro. A previsão indica essa condição para o centro-leste de Pernambuco, o estado do Maranhão, o centro-norte do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, além das regiões oeste e sul da Bahia. "Para o restante das regiões do Nordeste, a expectativa é de volumes de chuva dentro da média histórica," aponta a previsão do INMET.
Temperaturas elevadas persistem e afetam estoques hídricos
As temperaturas em todo o Nordeste deverão se manter elevadas, com valores entre 0,5°C e 1,0°C acima da média. As elevações mais acentuadas são previstas para a costa norte, que se estende entre o Ceará e o Maranhão, e também para a região central do Piauí e o oeste da Bahia.
Em contraste, na costa leste, as temperaturas tendem a ser mais amenas devido à persistência de dias chuvosos, que ajudam a aliviar o calor. Essa condição favorável no litoral contribui para que os estoques de água no solo permaneçam satisfatórios, "sobretudo entre Pernambuco, Alagoas e litoral da Bahia, com armazenamento superior a 60% até o mês de agosto," segundo a análise do INMET.
Déficit hídrico ameaça culturas de sequeiro no interior
A situação hídrica no interior nordestino é de preocupação, com os níveis dos reservatórios e do solo continuando reduzidos. Áreas como Pernambuco, centro-sul do Piauí, centro-oeste da Bahia, sertão do Ceará e Rio Grande do Norte são as mais afetadas, onde os valores não ultrapassam 30% ao longo do trimestre, conforme os dados divulgados.
O déficit hídrico se intensificará principalmente nos meses de agosto e setembro em áreas do Maranhão, Piauí, Ceará e semiárido da Bahia. Essa condição é crítica, pois "limita o desenvolvimento das culturas de sequeiro," que dependem exclusivamente da água da chuva para seu abastecimento, sem o auxílio de sistemas de irrigação artificial. Além disso, o cenário impacta as pastagens e exige maior atenção à irrigação suplementar para garantir a produtividade agrícola.
Oportunidades para culturas de ciclo curto na costa leste
Apesar dos desafios observados no interior, a faixa leste litorânea apresenta um cenário mais otimista. O excedente hídrico registrado em julho e previsto para agosto nessa região proporciona boas condições para culturas de ciclo curto, destacando-se como uma oportunidade para os agricultores. Um exemplo é a terceira safra do feijão, que pode se beneficiar dessas condições favoráveis.