Otimismo das famílias nordestinas resiste à inflação

Pesquisa revela que a região, embora ainda confiante, sente o peso da alta de preços e prioriza saúde e emprego.

Publicado em 16/07/2025 às 9:13 | Atualizado em 16/07/2025 às 11:30
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O otimismo das famílias nordestinas para o segundo semestre registrou um recuo significativo, caindo de 83% para 66%. Apesar da queda, a região mantém-se como a segunda mais otimista do Brasil, superada apenas pelo Norte. Os dados são de mais uma edição trimestral da pesquisa Radar Febraban, realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais e Políticas Econômicas (IPESP).

Otimismo em queda, mas persistente diante dos desafios

A principal justificativa para a redução do otimismo é o aumento no preço dos alimentos, que tem impactado diretamente o abastecimento doméstico. Esse fator é seguido de perto pelo encarecimento de medicamentos e combustíveis. A diretora do IPESP, Marcela Montenegro, aponta que esses elementos são cruciais para a percepção das famílias.

"No caso da região Nordeste, especificamente, esta continua sendo uma das regiões com opiniões mais favoráveis e também com expectativas mais otimistas", destaca a pesquisa.

Contudo, a percepção de alta de preços é quase unânime: quase oito em cada 10 nordestinos apontam que os preços "aumentaram muito" ou "aumentaram" nos últimos seis meses. A preocupação com o futuro é evidente, com 67% dos entrevistados acreditando que a inflação e o custo de vida irão aumentar ainda mais nos próximos seis meses.

Marcela Montenegro, diretora do IPESP, detalha que "a reversão do aumento no preço dos alimentos, medicamentos e combustíveis seria fundamental para que o otimismo familiar no Nordeste volte a subir". Ela também destaca que houve "melhorias apontadas pelos entrevistados durante a pesquisa", indicando pontos positivos em meio ao cenário desafiador.

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As prioridades do Nordeste e sinais de alívio no bolso

Quando questionados sobre a agenda governamental, a saúde surge como a área que deveria receber mais atenção nos próximos meses, sendo apontada pela maioria dos nordestinos. Em seguida, o emprego é a prioridade para 24% dos entrevistados e a segurança para 10%.

Surpreendentemente, apenas 8% dos nordestinos apontam a inflação e o custo de vida como item prioritário para a ação do governo até o final do ano, o que pode indicar uma preocupação mais imediata com serviços básicos e oportunidades.

No que diz respeito aos preços, um dado relevante traz um respiro: em junho, o preço dos alimentos registrou a primeira queda depois de nove meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como exemplo, o café, que em maio subiu 4,59%, teve uma alta de apenas 0,56% em junho. A alimentação fora de casa também desacelerou, passando de 0,58% em maio para 0,46% em junho.

Por outro lado, a conta de luz continua a pressionar negativamente o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país.

Apesar dos desafios, a cesta básica registrou um custo menor em diversas capitais do Nordeste em junho, segundo o Dieese:

• Aracaju: R$ 557,28
• Salvador: R$ 623,85.
• João Pessoa: R$ 636,16.
• Natal: R$ 636,95.
• Recife: R$ 637,00

Esses dados refletem a complexidade do cenário econômico na região, onde a resiliência do otimismo convive com a preocupação constante com o custo de vida e a busca por melhorias nas áreas essenciais.

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