Transporte público no Grande Recife: Estudo aponta potencial de expansão e desafios para um futuro mais conectado
A informação integra um estudo realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério das Cidades

A Região Metropolitana do Recife (RMR) possui um potencial significativo para expandir sua rede de transporte público coletivo de média e alta capacidade em 81 km, passando dos atuais 68 km para 150 km de extensão até 2054. Essa projeção ambiciosa, que praticamente dobraria a malha viária, faria com que o número de pessoas atendidas aumentasse de 462 mil para 838 mil.
A informação, que integra um estudo realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério das Cidades, foi detalhada pelo engenheiro civil Maurício Pina, integrante do Comitê Tecnológico Permanente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), em entrevista ao programa Balanço de Notícias da Rádio Jornal.
Ouça a entrevista na íntegra:
O potencial de expansão e o financiamento do BNDES
O estudo, parte de uma iniciativa do Instituto Nacional de Mobilidade Urbana que abrange várias capitais brasileiras, incluindo o Recife, tem dois pontos cruciais a serem destacados. Primeiramente, o BNDES se propõe a financiar os projetos listados, que abrangem uma série de intervenções em corredores da região metropolitana. As modalidades de transporte consideradas incluem BRT, metrô, VLT e ônibus, com o objetivo de alcançar um sistema de transporte público de qualidade até 2054.
Dr. Maurício Pina enfatiza que a qualidade do transporte público atual é insatisfatória, com uma pesquisa recente revelando que dois terços dos usuários da RMR não estão satisfeitos. Segundo ele, o estudo aponta caminhos e servirá de base para estudos mais detalhados, que definirão o tipo de equipamento mais adequado para cada corredor, levando à execução de projetos básicos, executivos e, finalmente, das obras.
Impacto na mobilidade e qualidade de vida
A expansão proposta representa uma melhoria significativa em termos de mobilidade urbana e qualidade de vida. Ao expandir a rede de transporte de média e alta capacidade, o sistema se torna mais atrativo, incentivando mais pessoas a utilizarem o transporte público. Atualmente, as deficiências do sistema afastam usuários, que buscam outros modos de transporte, resultando em uma redução da oferta e criando um "ciclo vicioso" de queda de demanda e oferta. Romper essa barreira é fundamental para que a RMR tenha um transporte de melhor qualidade.
A crise do metrô do Recife e a necessidade de recuperação
Um ponto de grande preocupação levantado pelo Dr. Maurício Pina é a situação do metrô do Recife. O sistema, que um dia foi modelo e o primeiro metrô inaugurado no Norte-Nordeste do Brasil há 40 anos, hoje enfrenta grandes dificuldades e precariedade na operação e manutenção. Embora o foco devesse ser na expansão da rede metroviária para outras áreas da RMR, a atenção tem sido desviada para a recuperação do sistema já existente.
Soluções adaptadas para cada corredor
O estudo não sugere uma solução única para todos os corredores. De forma assertiva, o Dr. Maurício Pina explica que o estudo indica para cada corredor o tipo de equipamento sugerido, seja um sistema de média capacidade (como BRT ou VLT) ou de alta capacidade (como o metrô). Estudos mais aprofundados que se seguirão irão realmente indicar o tipo de equipamento de transporte mais adequado para atender à demanda específica de cada um desses corredores.
A expectativa é que, com esses investimentos e planejamentos detalhados, o futuro do transporte na Região Metropolitana do Recife seja transformado, oferecendo um serviço mais eficiente e satisfatório para a população.