Rodovias federais em risco: Radares podem ser desligados a partir de agosto

Crise econômica do Governo Federal ameaça a fiscalização eletrônica e coloca em xeque a segurança viária e o combate a crimes nas estradas brasileiras

Publicado em 14/07/2025 às 16:58
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O Brasil se aproxima de uma situação crítica nas suas rodovias federais. A partir do dia 1º de agosto, os serviços de radares podem ser suspensos em todo o país. A informação foi confirmada por Silvio Médici, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (ABEETRANS), em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal. Ele revelou que as empresas operadoras do sistema receberam uma comunicação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) sobre a suspensão dos serviços.

Confira o Passando a Limpo na íntegra:

A causa principal é a crise econômica do governo e a falta de caixa. As empresas responsáveis pela operação dos radares não recebem pagamentos desde janeiro, o que tem causado sérios problemas na manutenção e operação do sistema. Com o corte de verbas, o desligamento dos equipamentos começará de forma imediata.

Mais que controle de velocidade: Segurança e monitoramento

Silvio Médici enfatiza que a questão vai muito além da simples aferição de velocidade, tratando-se de um assunto de segurança pública e viária. Os radares modernos são, na verdade, "câmaras de segurança". Eles não apenas registram a velocidade, mas também possuem tecnologia OCR (Optical Character Recognition) para ler placas de veículos e identificar irregularidades, como carros ou caminhões roubados.

As consequências e a urgência da solução

A possível suspensão dos radares é motivo de grande preocupação para a ABEETRANS. O Brasil faz parte de um acordo internacional da ONU e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir em 50% o número de acidentes e mortes no trânsito até 2030. O próprio governo federal assinou esse acordo, e a medida de restrição orçamentária complicará o cumprimento dessa meta.

O DNIT demonstrou preocupação e reconheceu a iminência do corte. O órgão sugeriu medidas paliativas, como o uso de radares móveis, campanhas educativas e melhoria da sinalização. No entanto, tanto a ABEETRANS quanto o próprio órgão federal consideram essas medidas insuficientes. É inviável fiscalizar os 75.000 km de estradas federais com ações pontuais, pois a sensação de que a via está sendo monitorada é crucial para desestimular abusos.

Acidentes e óbitos nas rodovias brasileiras

• No ano passado, as estradas federais registraram cerca de 7.000 óbitos e entre 84.000 e 85.000 feridos em 73.000 sinistros de trânsito.

• Em nível nacional, são 35.000 mortes por ano e mais de 230.000 pessoas lesionadas, com um impacto econômico estimado em R$ 130 bilhões (estudo do IPEA, nota técnica 75). A fiscalização é vista como um fator essencial para reduzir esses índices.


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