Novo secretário de Meio Ambiente de Pernambuco detalha injeção de R$ 600 milhões em Fernando de Noronha
Daniel Coelho revela planos para a ilha, projetos estruturadores e o avanço da causa animal no estado, em entrevista exclusiva à Rádio Jornal

Com informações de Henrique Lencastre
O secretário estadual de Meio Ambiente, Daniel Coelho, concedeu uma entrevista abrangente ao repórter Henrique Lencastre, da Rádio Jornal, detalhando os desafios e planos da Secretaria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, que agora também inclui a secretaria executiva da causa animal.
A conversa abordou desde a inversão da lógica de investimentos em Fernando de Noronha até a visão transversal da proteção ambiental, passando por projetos de grande porte como a Escola de Sargentos e o Arco Metropolitano, e as políticas públicas para a causa animal e a tração equina.
Fernando de Noronha: um novo paradigma de investimento e sustentabilidade
Daniel Coelho enfatizou a importância de Fernando de Noronha, um "paraíso ambiental e ecológico" que se tornará também um "paraíso cultural". O secretário abordou a polêmica em torno da não sabatina do novo administrador da ilha pela Alepe, criticando a falta de votação e o que ele chamou de "birra política" que prejudica a população. Ele ressaltou que, apesar da situação, o administrador adjunto Virgílio tem atuado e surpreendido pela capacidade.
- Injeção Financeira Significativa: Daniel Coelho afirmou que a governadora Raquel Lyra iniciou um ciclo de orçamentos e captação de recursos "sem precedentes" para Noronha. Enquanto Noronha arrecada cerca de R$ 100 milhões anualmente (R$ 17 milhões em ICMS e o restante em TPAs), o investimento previsto para a ilha neste ano é de R$ 600 milhões. Segundo o secretário, este montante vem de articulações da governadora, incluindo captação de dinheiro privado, empréstimos, convênios federais e recursos estaduais, demonstrando que "está entrando mais investimento do que a própria ilha produz".
- Matriz Energética Limpa: Um investimento de R$ 350 milhões será destinado à mudança da matriz energética de Noronha, visando a que a ilha deixe de ser movida a óleo diesel. O objetivo é que 85% da energia da ilha venha de fontes solares, com os 15% restantes mantendo a matriz antiga para períodos de chuva intensa.
- Saneamento Básico: A ilha receberá um investimento de R$ 21 milhões em saneamento básico, uma obra de "longo prazo" e fundamental para o futuro ambiental de Noronha. O secretário afirmou que a última vez que um investimento significativo em saneamento foi feito na ilha foi há 30 anos, no governo Jarbas, e já não atende às necessidades atuais da ilha. Daniel Coelho alertou: "Noronha acabou se não tiver saneamento".
- Turismo Cultural e Recuperação Histórica: Além da natureza, Noronha busca consolidar o turismo cultural. A FUNDARPE está investindo na recuperação do Forte do Boldró, na operação do Palácio São Miguel e de outros locais históricos. O objetivo é unir o turismo ambiental com o cultural, atraindo inclusive turistas estrangeiros que valorizam a questão cultural.
Desafios iniciais e visão transversal da secretaria
Daniel Coelho, que tem 25 anos de experiência em pautas ambientais, assume a secretaria com um sentimento que "aumenta a nossa responsabilidade, mas também traz muita alegria". Ele enfatizou que a proteção ambiental não se restringe à defesa de matas, fauna e flora, mas busca o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e o meio ambiente.
Para o secretário, "não consigo falar de proteção ambiental se eu não dou dignidade às pessoas". Para ele, a secretaria precisa agir de forma transversal, em conjunto com as áreas de educação, saúde, segurança e infraestrutura, para atender às pessoas de forma sustentável e defender as futuras gerações.
Grandes projetos em Pernambuco: Escola de Sargentos e Arco Metropolitano
Dois grandes projetos de infraestrutura foram pauta da entrevista: a Escola de Sargentos e o Arco Metropolitano.
- Escola de Sargentos: Embora seja uma obra federal, Coelho afirma que a governadora Raquel Lyra demonstra "compromisso" com a escola, que "vai gerar emprego, vai gerar oportunidade". No entanto, também há uma "preocupação do governo do estado com a questão da sustentabilidade". O governo do estado desapropriou 90 hectares na região para torná-los área de preservação ambiental. A abordagem da secretaria é buscar um "equilíbrio" entre a construção da escola e a proteção ambiental, com muito diálogo, dado que as obras começarão daqui a algum tempo.
- Arco Metropolitano: O secretário destacou que o Arco Metropolitano possui um "impacto ambiental positivo", pois retira um grande volume de veículos da Região Metropolitana, que causam engarrafamentos, poluição e prejudicam a economia. Ele reconheceu a "polêmica no trecho de Aldeia", mas afirmou que "não é a questão central do arco". A primeira etapa já está em andamento e não atinge Aldeia. O governo estará "aberto para poder discutir e se for necessário fazer uma adaptação no traçado". O Arco Metropolitano é considerado uma "obra estruturadora" e "essencial para o desenvolvimento da região metropolitana do Recife", melhorando a mobilidade e o potencial econômico ao facilitar o acesso a importantes polos como SUAPE e rodovias.
Causa animal e tração animal: uma política pública estadual
Segundo o secretário, a criação da secretaria executiva da causa animal, sob o escopo da Secretaria do Meio Ambiente, é uma decisão da governadora Raquel Lyra. Daniel Coelho explica que, embora a questão animal seja tradicionalmente tratada pelos municípios, o governo estadual entende que "se não tivermos uma política pública estadual, nós não vamos poder enfrentar a causa", especialmente nas pequenas cidades do interior.
As ações se concentrarão em duas frentes: apoio aos protetores e uma política pública de castração, com foco em saúde pública e animais de rua. O secretário criticou políticas de castração com "viés quase que eleitoreiro", que exigem um animal por CPF, argumentando que a política pública deve ser direcionada aos bairros e periferias, onde há problemas de zoonoses e maus-tratos, castrando quantos animais forem necessários por pessoa se for o caso, especialmente os animais sem tutor.
Sobre a tração animal (carroças), o secretário lembrou que foi autor de uma lei de 2008 que proibia a prática no Recife, e que a lei atual em vigor, embora com outra autoria, tem o mesmo conteúdo. Ele defendeu que a eliminação da tração animal "não é tão complexa" se for acompanhada de alternativas sociais e econômicas para os carroceiros. Como exemplo, citou a Colômbia, que acabou com a tração animal oferecendo bicicletas e motos aos trabalhadores.
A proposta é oferecer "bicicleta sustentável, até uma bicicletazinha que pode ter um motor elétrico". Daniel Coelho ressaltou que não se pode simplesmente tirar o instrumento de trabalho, mas dar uma opção econômica e social para que o carroceiro se torne parceiro do processo. Ele comparou a situação ao programa "Recicla Mais", que remunera catadores por 18 meses para qualificar o serviço de coleta seletiva, garantindo uma renda mínima.
Gripe aviária: prevenção e atuação do Estado
Em relação à gripe aviária, Daniel Coelho esclareceu que a responsabilidade principal de fiscalização e proteção é da Secretaria de Agricultura e da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro).
Ele destacou que ambas as entidades estão em diálogo com os produtores para implementar as "melhores práticas" e a equipe está "bem em alerta com esse assunto que é extremamente relevante".
*Texto gerado com auxílio de IA a partir de conteúdo de áudio original da Rádio Jornal, e editada por jornalistas profissionais