"Essa operação entra para a história": cientista político avalia ataque de Israel ao Irã e alerta para risco de guerra direta entre os países
Segundo Thales Castro, o ataque marca o início de um novo patamar no conflito, com Israel mirando alvos nucleares e de comando do regime iraniano

O ataque lançado por Israel contra o Irã nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (13) elevou as tensões no Oriente Médio e acendeu o alerta internacional sobre o risco de um conflito direto de larga escala.
A ofensiva, batizada de Operação Rising Lion pelo primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu, teve como alvos instalações nucleares, centros de comando militar e líderes da Guarda Revolucionária do Irã.
Para o cientista político e professor Thales Castro, o bombardeio representa “o mais incisivo ataque sofrido pelo Irã desde a guerra Irã-Iraque (1980–1988)” e pode significar o início de uma guerra aberta entre os dois países.
“Essa operação entra para a história, porque hoje nós podemos já tecnicamente dizer que há, dessa grada, mais uma guerra — agora iraniano-israelense.”
Três objetivos estratégicos
Durante entrevista à Rádio Jornal, Castro explicou que a ação israelense teve três objetivos principais: desarticular o programa de enriquecimento nuclear do Irã, eliminar lideranças do núcleo político-militar-religioso e demonstrar a capacidade de inteligência da Mossad em território inimigo.
“A operação teve como primeiro foco reduzir o programa de enriquecimento do Irã, não só em Natanz, mas também em outras cinco plantas vizinhas.”
Ainda segundo o especialista, o ataque eliminou importantes figuras da estrutura de comando iraniana, como o chefe da Guarda Revolucionária e cientistas nucleares.
“Aproximadamente seis engenheiros e físicos nucleares também provavelmente devam ter sido eliminados.”
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Interferência em resposta iraniana
Outro aspecto destacado por Thales Castro é o grau de sofisticação da ofensiva israelense, que expõe mais uma vez a atuação da Mossad. Segundo ele, há indícios de que a inteligência israelense já interferiu no sistema de defesa antiaérea do Irã, dificultando uma resposta imediata ao ataque.
“A Mossad, dentro do território iraniano, já começou a desarticular o processo de resposta rápida no campo de proteção e defesa antiaérea.”
Risco de incidente nuclear
Questionado sobre a possibilidade de um acidente nuclear, caso as instalações atacadas contenham material radioativo, Castro confirmou a existência do risco. Ele alertou para a linha tênue entre o uso civil e militar da energia atômica.
“Há probabilidade significativa de vazamento de material. A linha entre o uso pacífico e o enriquecimento para fins militares já foi cruzada há muito tempo.”
Reação dos BRICS
O Irã passou a integrar oficialmente o grupo BRICS em janeiro deste ano, ao lado de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros países convidados.
No entanto, a adesão ao bloco prevê compromisso com o uso pacífico da energia nuclear, o que pode gerar um impasse diplomático entre os membros após os recentes eventos.
“No âmbito dos BRICS, há agora uma certa fratura. Ainda não temos uma coesão de postura entre os países-membros.”
O professor destacou uma declaração recente da Rússia, indicando que “ataques não são aceitáveis, desde que não sejam provocados”, o que pode ser interpretado como uma justificativa velada à ação israelense com base no artigo 51 da Carta da ONU, que trata do direito à legítima defesa.
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