Edinho Silva defende união no PT e afirma que partido precisa se atualizar

Candidato à presidência nacional do partido propõe reorganização interna, mais diálogo com a juventude e defesa do governo Lula no terceiro mandato

Publicado em 14/05/2025 às 10:08 | Atualizado em 14/05/2025 às 10:16
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O ex-prefeito de Araraquara e candidato à presidência do PT, Edinho Silva, afirmou que o partido precisa passar por um processo de reorganização para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças na sociedade brasileira.

Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, ele declarou que o partido deve retomar o trabalho de base, atualizar sua comunicação com a nova classe trabalhadora e manter a unidade interna após as disputas eleitorais.

Questionado se o Partido dos Trabalhadores enfrenta um racha interno, Edinho Silva negou que haja divisão profunda e classificou a atual disputa pela presidência nacional como parte do funcionamento democrático da legenda. Segundo ele, o modelo de eleição direta dos dirigentes faz parte do DNA do partido.

“Se nós olharmos historicamente todas as disputas que o partido vivencia, o PT tem estatutariamente o modelo, a forma de escolha dos seus dirigentes, que é o voto direto do filiado”, explicou.

Ele também destacou a diversidade interna da legenda, que reconhece as chamadas tendências: “A tendência é as pessoas podem se organizar dentro do PT de acordo com as suas afinidades ideológicas. Então tradicionalmente nós temos esse direito de organização”.

Para Edinho, as candidaturas refletem a pluralidade partidária e são fundamentais para o debate interno. “É um processo que para nós é tranquilo, é natural e acaba quando termina esse processo eleitoral, o partido se unifica, sempre se unifica”, afirmou.

Partido precisa dialogar com a nova classe trabalhadora

Ao falar sobre o perfil atual do eleitorado petista, Edinho reconheceu que o partido precisa se reorganizar para enfrentar os novos tempos. “Seria um erro nós negarmos que o partido vive hoje uma estagnação nos seus métodos de organização e também de diálogo com a sociedade”, afirmou.

Segundo ele, sua candidatura à presidência do PT se justifica pela necessidade de resgatar o trabalho de base como diretriz central do partido. “O PT volte a priorizar o trabalho de base, a organização, principalmente junto à nossa base social, que o PT tem que é que a nossa base social são as trabalhadoras e os trabalhadores.”

Edinho destacou ainda a importância de dialogar com as transformações no mundo do trabalho: “O PT tem que fazer um esforço para dialogar com as novas profissões, com a nova classe trabalhadora que emerge com o processo de modernização”.

Ele também defendeu a aproximação com a juventude: “O PT precisa dialogar com a juventude, de fato, nós temos que entender hoje o que pensa a juventude”.

"Críticas foram reflexo da ansiedade”, avalia ex-prefeito

Sobre a relação entre o PT e o governo Lula, Edinho reconheceu que houve críticas internas durante os primeiros meses do terceiro mandato do presidente, mas minimizou os impactos. Segundo ele, os questionamentos partiram de uma “ânsia” por resultados rápidos diante do cenário de terra arrasada herdado da gestão anterior.

“O presidente Lula assume o Brasil numa situação muito difícil, talvez a maior operação de compra de votos da história da República Brasileira. O presidente Lula assume o Brasil com as políticas públicas todas desorganizadas”, afirmou, ao comentar os gastos do governo Bolsonaro em 2022.

Ele destacou que o início da gestão petista teve de focar na reorganização das políticas públicas e nos ajustes econômicos. “Evidente que alguns companheiros dentro do PT acabaram fazendo críticas aos ajustes que nós tivemos que fazer na economia”, admitiu.

Apesar das divergências, Edinho acredita que o momento atual é de pacificação interna. “Nós estamos vendo as políticas públicas do governo do presidente Lula voltando a ser implantadas, o Minha Casa, Minha Vida voltando, o PIB crescendo, o desemprego caindo”

“Comunicação não substitui a política”

Edinho Silva também comentou o papel da Secretaria de Comunicação (Secom) na atual gestão, lembrando que foi titular da pasta no primeiro governo Dilma Rousseff. Para ele, a comunicação deve ser consequência da política, não um substituto dela.

“A comunicação tem que comunicar aquilo que a política define”, disse. Ele reconheceu que o início do governo enfrentou dificuldades para comunicar suas ações por conta do contexto adverso. “Essas dificuldades de nós acelerarmos iniciativas para melhorar a vida do povo brasileiro fez com que o governo tivesse dificuldade para comunicar.”

Edinho ponderou que, com a retomada de programas e obras, a comunicação tende a melhorar. “A Secom hoje tá muito estruturada para comunicar as iniciativas do governo e também para comunicar, sem nenhuma hipocrisia, os problemas que o país enfrenta.”

Como exemplo, citou o combate às fraudes no INSS. “Nós estamos desmantelando talvez os maiores escândalos de fraude do INSS da história da república”, disse, destacando que é papel da Secom comunicar tanto os avanços quanto os desafios da gestão.

 

 

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