Especialistas discutem as relações e os limites na fase da infância
Debate da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (1º), abordou a importância e os desafios dos pais e da escola na formação nos dias atuais

O papel dos pais e da escola na formação das pessoas, sobretudo na fase da infância, foi tema do Debate da Super Manhã, na Rádio Jornal, nesta quinta-feira (1º). As relações e os limites necessários foram abordados pelos especialistas convidados para o programa.
Pedagogo, escritor e especialista em Educação por Harvard, Marcelo Cunha Bueno destacou a importância dos pais terem, cotidianamente, um tempo do dia dedicado exclusivamente aos filhos.
"O momento de presença não é um momento só de dar coisas, de performar a paternidade ou a maternidade. É o momento de receber da vida a afirmação de que a gente é capaz de gerar a vida, de manter, de construir, transformar a vida daquela família, daquela casa. E isso vai se reverberando para outras para outros lugares", disse.
"O tempo de qualidade hoje não pode ser o tempo que sobra. Não é deixar de ter a vida que você tem, mas é entender que naquele momento a vida toda acontece para a criança. Então abre os olhos, abre os ouvidos, abre o coração e se entrega para criança", complementou.
Diana Carneiro, psicanalista e membro da Escola de Psicanálise Rede Diagonal Brasil - seção Recife, falou que a autocobrança tem crescido e impactado na rotina dos pais.
"Há essa autocobrança desse acertar. Mas você também tem que pagar conta no final do mês, mas você também tem que trabalhar, mas você também é mãe solo ou é pai em solo ou você trabalha o dia inteiro, chega em casa à noite, está com dois, três filhos. Há uma autocobrança de dar conta de tudo, mas a a gente não consegue dar conta de tudo", pontuou.
Paula Carneiro Leão, educadora e sócia da Escola Vila Aprendiz, ressaltou que, cada vez mais, as famílias se mostram com dificuldades em educar os filhos, inclusive no momento em que é necessário impor limites a eles.
"A gente percebe hoje que as famílias estão muito perdidas e elas gostariam de ter, na verdade, um livro de receitas. E ninguém tem livro de receitas." E reforçou o papel das escolas no diálogo e construção conjunta na formação:
"Eu não gosto nem usar do termo escola. Eu falo que lá na Vila que nós somos um ecossistema. Porque a gente aprende todo dia com os colaboradores, famílias, alunos, especialistas que a gente escuta, que a gente pesquisa. Então, eu acho que o desafio é grande, mas a gente está aqui para isso, para aprender, no errar e acertar e ouvir pessoas que têm muito mais experiências para a gente fazer diferente", afirmou.
Marcelo Cunha Bueno disse que a fase da infância é o momento de construção do conhecimento, com erros e acertos e que isso precisa ser tratado com tranquilidade.
"A infância que eu falo, que a gente precisa buscar, é justamente uma forma leve e sensível de se conectar com as coisas que acontecem na nossa própria vida. Se a gente não tomar posse das nossas escolhas, dos nossos pensamentos, a gente não é capaz de estabelecer um diálogo interno, de autoconhecimento", comentou.
"A gente precisa se entender, precisa entender quais são os nossos limites, quais são as nossas fronteiras, os nossos desejos, as nossas vontades, para conseguir dialogar com o que tem fora", finalizou.
Marcelo vai participar, às 20h do dia 7 de maio, do videocast Saúde e Bem-Estar, transmitido pelo JCPlay – o canal do Jornal do Commercio no YouTube. O tema será "Infâncias apagadas, adultos exaustos: um convite à reconexão".