Atuais modais de transporte na RMR não suportam tamanho da população, diz presidente do Movimento Pró-Pernambuco
O empresário Avelar Loureiro Filho foi o entrevistado do videocast Giro Metropolitano, do Sistema Jornal do Commercio, neste sábado (19)

No novo episódio do videocast Giro Metropolitano, do Sistema Jornal do Commercio, deste sábado (19), o empresário Avelar Loureiro Filho, presidente do Movimento Pró-Pernambuco e ex-presidente da ADEMI-PE, discutiu estratégias e soluções para desafios de mobilidade e habitação na Região Metropolitana do Recife (RMR).
A entrevista, conduzida pela apresentadora Natália Ribeiro e com participação do colunista Fernando Castilho, abordou temas como modais de transporte, planejamento urbano e adensamento.
Mobilidade: Metrô aéreo como solução para os gargalos
Questionado sobre soluções para dois dos maiores problemas da RMR - trânsito e transporte público -, Avelar foi enfático na defesa da implementação de um metrô aéreo, cruzando as perimetrais e radiais da Região Metropolitana do Recife, citando as avenidas Agamenon Magalhães e Norte. De acordo com Avelar, "os modais estão errados" atualmente em Pernambuco.
"Já existem as vias, os modais estão errados. O BRT, em alguns lugares vai funcionar, por exemplo na Avenida Caxangá, que funciona tranquilamente, mas quando você chega no Derby, na Agamenon (Magalhães), só vai funcionar o metrô aéreo. Todos os lugares do mundo estão fazendo assim, a Ásia está cheia disso, São Paulo se rendeu e está fazendo, o custo dele é 15% do metrô subterrâneo e tem a vantagem de não ser como é aqui, de metrô no chão. que segrega a cidade, divide ela em duas.
Ainda de acordo com o empresário, os modais de transporte atuais não suportam mais o fluxo de pessoas que a RMR possui atualmente. Segundo Avelar, as perimetrais e radiais construídas nas décadas de 1950 e 1960, funcionaram até o Recife e a RMR chegarem a 1 milhão e meio de habitantes. Hoje, a Região tem 4 milhões e meio de habitantes.
"Como tudo flui aqui para o Centro, tudo vai dar na Agamenon (Magalhães), na Cruz Cabugá, na Conde da Boa Vista. Fluindo tudo para o Centro, o modal ônibus não funciona. Porque ele só funciona até 50 mil pessoas por dia e só a Agamenon Magalhães já transporta 300 mil pessoas por dia"
Avelar enfatizou que o problema atual, para a população, não é mais o preço da tarifa, mas sim a qualidade do serviço e o tempo que é gasto no transporte público.
"Não adianta colocar R$ 400 milhões de subsídio, que o Governo do Estado está colocando, porque o problema não está sendo mais a tarifa, está sendo o tempo que o cidadão gasta. Então ele prefere pegar um uber moto, correndo o risco de não chegar do outro lado - e boa parte não chega - ele corre risco de vida, mas em vez de gastar 1h30, ele vai gastar 25 minutos pra chegar"
"Isso é uma coisa que só o metrô, em transporte de massa, pode fazer. O ônibus não vai fazer, por mais faixa azul que a gente coloque, sempre vai chegar num ponto de gargalo lá na frente. O metrô aéreo nunca vai ter engarrafamento, ficar congestionado. O metrô consegue transportar 250 a 300 mil pessoas por dia, que é o que a gente tem na Agamenon Magalhães hoje"
Ele citou exemplos como Salvador e Fortaleza, onde sistemas integrados de transporte trouxeram ganhos significativos.
"Precisamos de uma estratégia clara: estadualizar o metrô, buscar financiamento federal e integrar os municípios. Do contrário, continuaremos perdendo tempo e dinheiro com soluções paliativas."
Habitação social e adensamento urbano
Sobre políticas habitacionais, Avelar destacou a evolução do Minha Casa Minha Vida, mas apontou a necessidade de ajustes no Morar Bem PE:
"O programa é essencial, mas precisamos ampliar o limite de renda para até 2,8 salários mínimos, como fez Fortaleza. Isso abriria mais oportunidades e estimularia a oferta de imóveis bem localizados."
Ele também defendeu maior participação de emendas parlamentares e parcerias com a iniciativa privada para viabilizar projetos.
"O governo estadual tem feito sua parte, mas é preciso atrair mais recursos. Só assim reduziremos o déficit habitacional de forma sustentável."
Para Avelar, Recife tem espaços subutilizados que poderiam abrigar mais moradias sem pressionar a periferia.
"O centro tem infraestrutura ociosa, como o Parque 13 de Maio, e áreas com baixa densidade. Se adensássemos de forma inteligente, poderíamos acomodar mais pessoas próximas a empregos e serviços, reduzindo os deslocamentos."
Ele criticou a resistência de alguns municípios, como Olinda, ao crescimento planejado:
"Enquanto proíbem construções em áreas estratégicas, milhares vivem em morros em condições precárias. Precisamos equilibrar preservação e desenvolvimento."
"Não faltam diagnósticos ou exemplos de sucesso. Falta decisão política e coordenação entre estado e municípios. A RMR não pode mais esperar."
O episódio completo está disponível no YouTube do Jornal do Comércio e nas principais plataformas de podcast.