Para "reacender a chama do PT" no Recife, Pedro Alcântara defende autonomia e compromisso com base social
Candidato à presidência do diretório municipal do partido propõe retomada do legado petista, diálogo com juventude e fortalecimento da pauta de classe

Pedro Alcântara, dirigente do PT em Pernambuco, oficializou sua candidatura à presidência do diretório municipal do partido no Recife com apoio de lideranças históricas da sigla. O lançamento ocorreu por meio de um manifesto assinado por 51 membros das instâncias municipal e estadual, incluindo nomes como João Paulo, Kari Santos, Fernando Ferro e Bruno Ribeiro.
Com o slogan “O PT pode mais”, o grupo propõe renovar a direção local, retomar o protagonismo político do partido na capital e reconectar-se com seu legado popular. Alcântara, que tem 36 anos e é cientista político, é apresentado como liderança capaz de conduzir esse processo de reconstrução, articulando com movimentos sociais, juventude e outras forças políticas.
Durante entrevista ao programa Passando a Limpo desta sexta-feira (11), na Rádio Jornal, Pedro afirmou que sua candidatura nasce de uma construção coletiva. “Eu sou candidato à presidência do PT do Recife com o apoio de companheiros valorosos”, declarou. Ele também citou o envolvimento da corrente interna CNB (Construindo um Novo Brasil) e o apoio do senador Humberto Costa nas discussões internas.
Alcântara enfatizou que a candidatura está vinculada a um projeto mais amplo de fortalecimento do partido e do campo progressista para as eleições presidenciais de 2026.
“Nós esperamos e desejamos convocar a militância petista para um resgate, para um reacender da chama do PT no Recife, para que a gente possa, primeiro de tudo, fortalecer o presidente Lula em 2026”, afirmou.
Resgate do legado petista
Ao abordar o cenário atual, Pedro pontuou a necessidade de o partido reafirmar sua autonomia e resgatar o protagonismo histórico, citando a gestão do ex-prefeito João Paulo, entre 2001 e 2009, como exemplo.
“A gente tem batido muito na tecla da recuperação da força do PT em Recife. Isso passa pela afirmação da autonomia do partido. Isso passa pelo resgate do legado que a gente tem aqui em Recife”, afirmou, mencionando a força eleitoral da sigla mesmo em momentos adversos, como os segundos turnos nas eleições de 2016 e 2020 e a expressiva votação da senadora Teresa Leitão em 2022.
Para Pedro, fortalecer o PT passa também por manter alianças, mas sem perder identidade. “Se tiver que fazer aliança, continuar em aliança, fazer, continuar. Agora, é o que eu tenho dito, para se aliar não é preciso se apagar”, disse.
Aproximação com a classe trabalhadora
Sobre o futuro do partido, o candidato destacou a importância de renovar as formas de atuação e de fortalecer o vínculo com a classe trabalhadora.
“A gente precisa fazer uma discussão muito forte de classe, do que está faltando para a classe trabalhadora e quais são os problemas reais do cotidiano da classe trabalhadora”, declarou, defendendo ainda mais atenção à juventude, à questão racial e de gênero, além de maior presença nas redes sociais.
Pedro também fez referência à renovação do partido a partir das bases. Ele mencionou nomes de jovens lideranças eleitas em grandes capitais, como as vereadoras Maíra do MST (RJ), Luna Zarattini (SP) e Luiza Dulci (BH), além de destacar a eleição da vereadora Kari Santos como a mais jovem da história do PT no Recife. “O PT precisa dialogar com essa juventude”, afirmou.
Relação com a gestão de João Campos
Questionado sobre a atual gestão municipal do prefeito João Campos (PSB), Pedro reconheceu contribuições do PT em áreas como habitação e educação, ressaltando investimentos federais desde o retorno de Lula à presidência.
“Na área de habitação, antes de Lula ser eleito presidente novamente e assumir em 2023, não existia entrega de habitacional. Foi com a chegada de Lula e dos companheiros da Secretaria de Habitação que a gente entregou habitacionais”, disse. Segundo ele, apenas em 2023, o governo federal investiu R$ 2 bilhões na cidade, montante que se repetiu em 2024.
No entanto, ele ponderou que a gestão precisa ser mais atenta às periferias da cidade. “A gente também faz uma discussão que é preciso que a gestão olhe mais para a periferia, para o povo pobre”, afirmou.
Para Pedro, políticas públicas voltadas à classe média não podem ofuscar os direitos das comunidades mais vulneráveis. “A periferia tem direito a lazer, tem direito a ter saneamento, tem direito a ter uma vida digna, e isso inclui especialmente a população do morro.”
Confira a entrevista completa no Passando a Limpo: