Metrô do Recife: frota inteira apresenta problemas no aparelho de ar-condicionado

Maior parte dos vagões dos 19 trens do Metrorec segue com equipamentos funcionando com 50% da refrigeração. Veja os números em detalhes

Publicado em 26/03/2025 às 16:39 | Atualizado em 26/03/2025 às 16:42
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Aperto em horário de pico, atrasos, falhas nas composições. Esses são alguns dos problemas enfrentados – e conhecidos – por quem utiliza o Metrô do Recife (Metrorec).

Dependendo do horário ou do vagão do trem, esse pacote de perrengues diários aumenta com o desconforto causado pelo calor excessivo dentro das composições. Situação que, além do incômodo, pode provocar problemas de saúde, dada a má refrigeração de ambientes fechados.

Essa "estufa improvisada" vira um vetor determinante para proliferação de vírus, de acordo com a doutoranda em enfermagem e Coordenadora de Enfermagem do Centro Universitário Unifbv Wyden, Andrea Tavares.

"A permanência em locais sem renovação de ar pode ocasionar doenças como gripes, pneumonias, bem como agravar aqueles quadros alérgicos e asmáticos", esclarece a especialista.

Calor

Esse cenário impróprio é quase inescapável quando se trata do Metrô do Recife, visto que todos os 19 trens operacionais, que atendem às linhas Centro e Sul, possuem algum equipamento de ar-condicionado com defeito.

Os dados são da Companhia Brasileira de Trens Urbanos Recife (CBTU Recife), obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) pela produção da Rádio Jornal.

A distribuição e o status de funcionamento dos equipamentos de refrigeração seguem alguns critérios informados pela própria CBTU Recife:

  1. Cada TUE (Trem Unidade Elétrica) é formado por quatro vagões (carros).
  2. Cada carro é provido de dois aparelhos de ar condicionado, um em cada extremidade longitudinal.
  3. Cada aparelho é composto por dois circuitos de refrigeração (dois compressores).
  4. Cada carro (vagão) poderá apresentar quatro condições distintas:
  • 100% de refrigeração: quando os dois aparelhos do carro estão em pleno funcionamento;
  • 75% de refrigeração: quando um aparelho está com funcionamento pleno e o outro apresenta apenas um circuito ativo;
  • 50% de refrigeração: quando apenas um aparelho está funcionando, ou cada um dos aparelhos funciona com apenas um circuito ativo;
  • 25% de refrigeração: quando apenas um circuito de um aparelho funciona e os três outros encontram-se inativos.

No mais recente levantamento feito pela CBTU Recife*, nenhum dos trens possuía todos os vagões com aparelhos de ar condicionado com 100% de funcionamento. A maior parte dos carros dos trens (45) segue operando no nível de 50% (6 carros possuem 25%; 19; 75% e 6, 100%).

Os detalhes podem ser conferidos no gráfico a seguir:

Licitação

Ainda segundo a CBTU: "As atuações da manutenção no sistema de refrigeração dos trens ocorrem de forma preventiva periódica ou corretiva. No segundo caso, ocorre sempre que há um registro de mau funcionamento do sistema de refrigeração, pela abertura de falhas realizadas pela operação".

"Na maioria das ocorrências, a solução da falha passa, necessariamente, pela substituição dos aparelhos, o que configura um gargalo, pois o reparo destes equipamentos tem sido fortemente afetado pela escassez de recursos dos últimos anos, onde o metrô do Recife vem sofrendo com vários contingenciamentos", diz a companhia.

No ano passado, foram abertas 76 licitações (disponíveis na tabela a seguir) relativas à operação da CBTU Recife. Uma delas foi vencida pela empresa METTA DISTRIBUIDORA E COMERCIO LTDA, via pregão eletrônico, para fornecimento de 107 aparelhos condicionadores de ar, com um total homologado da compra de R$ 784.379,77.

Valor aproximadamente 17,98% abaixo do estimado do pregão eletrônico de R$ 956.218,40. Contudo, o reflexo positivo desse investimento para quem utiliza o metrô ainda não foi percebido. Em parte, isso é explicado pela própria CBTU:

"No ano de 2024, houve uma licitação para aquisição de peças e materiais para reparo dos condicionadores de ar das frotas de trens em funcionamento. No entanto, a empresa vencedora da licitação tem apresentado dificuldade no fornecimento das peças, dificultando o reparo dos equipamentos. Vale salientar que, diante da dificuldade com o fornecimento de peças e com o gargalo criado, leva-se um tempo para restabelecer uma disponibilização adequada dos equipamentos reparados, e consequentemente se perceber uma melhoria do sistema".

* Os dados foram enviados pela CBTU Recife em 15 de fevereiro de 2025

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